3 de março de 2014

Ó meu rico S. Pedro

Carta aberta:

S. Pedro,

soubesses tu da minha vida: a roupa que se acumula no estendal, dias a fio; um vira e "desvira" diário para secar a parte da frente, a de trás, a ponta, a outra ponta... "olha, já está seco! afinal não está!".
A roupa do miúdo que, ao fim de 2 dias, tem de ir para lavar outra vez tal é aquele cheiro de roupa mal seca que se entranha e que recuso que a criança a vista. E agora que, quase todos os dias, é uma muda, porque sua excelência desde que aprendeu a gatinhar, é um fartote de joelhos encardidos.

Que as paredes precisam de ser limpas, os vidros de ser lavados, os armários abertos para arejar...

É o menino que precisa de apanhar sol (eu também!), de se distrair na rua, de aprender in loco o som dos animais. "Como faz o cão, bebé?" - e ele ri... sabe lá ele como faz o cão; nunca (ou)viu nenhum a ladrar.
É o menino que precisa de ver as borboletas, as flores a começar a despontar... era ele tão pequenino, no ano passado, na Primavera... tão pouco que ele conheceu...
É o menino que precisa de ver que as cores vão muito além do negro da noite e do cinzento do dia (e já lá vão uns quantos meses a chover!).

É o menino (e eu também) que está cansado de vestir casacos, e gorros, e camisolas grossas, e collants, e botas... e eu, que lhe quero vestir calções, e t-shirts com pinta. Que lhe quero calçar ténis, sem meias, e vê-lo de óculos escuros. Que quero deixá-lo brincar com os pés descalços, e ver aquelas pernocas - com refeguinhos -
a espernear no calor.

Ai, S.Pedro, soubesses tu da minha vida.

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