15 de março de 2018

5 anos!

Henrique,

não sei o que vai acontecer no Mundo nos próximos anos. Confesso-te, meu amor: ao contrário do que possas pensar, a mamã não sabe tudo.

Sei que te amo. Todos os dias. Mas, isso, também tu sabes, porque to digo. Todos os dias. Mas, a mamã não sabe se algum dia vais ler este blogue, e estes textos que escrevo para ti. Um dia, os computadores, os blogues... vão ser obsoletos! Serão, para ti, conceitos tão antigos que irão dar vontade de rir. Vão ser coisas do tempo dos teus pais, tal como, para mim, foram os sofás floridos ou as alcatifas nos quartos.

Sei que, ainda hoje, no dia em que fazes 5 anos... acordo e fico sempre feliz por estares aqui.

Sei que, ainda hoje, se ficas com febre, fico aterrorizada com a simples ideia de teres qualquer coisa mais grave do que um simples picozito de temperatura.

Sei que, ainda hoje, se cais e fazes beicinho - e mesmo quando dizes que está tudo bem e que não te magoaste - à noite, dói-me o coração ao ver mais uma nódoa negra nas tuas pernitas.

Sei que, quando dizes "eu consigo!"/"eu faço!"/"já sou crescido!", tens razão - que és capaz e que já és um menino crescido - quero ser eu a abotoar-te os botões ou a vestir-te o pijama.

Sei que, ainda hoje, gosto de cheirar o teu cabelo e aspirar o teu aroma depois do banho. Fecho os olhos e tento conservar essa memória olfactiva, para sempre! Tal como o fiz, naquele primeiro dia.

Sei que, ainda hoje, quero prolongar a tua bebezice. Tens 5 anos, eu sei. Eu estava lá. Tenho uma cicatriz, abaixo do umbigo, que me lembra - todos os dias! - todas as dores que senti nas semanas e meses após o teu nascimento. Mas, hoje, estás aqui. Ao meu lado. E, caramba, como vale a pena!

Parabéns, filhote! Adoro-te, daqui até à Terra do Pai Natal, que é mais longe do que a Lua - porque não a conseguimos ver da janela da cozinha!



4 de março de 2018

Personalidade de peluche

Há umas semanas, um dos peluches do Henrique descoseu-se. O pobre bicho tem estado a um canto, esquecido, literalmente. É o Cenouras, um coelho amarelo, simpático e bem-educado.

O Henrique tem também o Pedro, um passarinho, um bocado barulhento. Mas, o seu preferido é o Bobi João, um filhote de panda com a mesma idade - 5 anos, e que é o seu grande companheiro de brincadeiras.

Todos os peluches do Henrique têm um nome e uma personalidade, e é engraçado ver como ele interage com os peluches, de acordo, com as personalidades que lhes imaginou. E o mais estranho ainda é que eu "conheço" cada um deles.

Quando o deito, despeço-me dele e do peluche escolhido para essa noite, e tenho de dar um discurso sempre condizente. Se é o "Pedro" tenho de o avisar que à noite não se brinca e que está na hora de dormir. Se é o Cenouras, basta-me dizer boa noite e desejar-lhes bons sonhos. Se é o Bobi João, tenho de lhe dar um beijinho de boa noite e fazer umas coceguinhas na barriga, porque ele gosta.

Admiro-me com esta capacidade do Henrique em criar. Criar, no geral. A imaginação que ele tem, força-me a prestar atenção aos detalhes, porque se me engano, está o caldo entornado!

Posto isto: já cosi o rasgão da cabeça do Cenouras. E adivinhem quem se portou lindamente, nessa noite?

1 de março de 2018

Terapia assistida

Hoje, dia 1 de março, completam seis meses desde o funeral da minha mãe. São seis meses em que a minha vida nunca mais foi a mesma.
A dor da perda é inqualificável. Dói-me tanto hoje, como doeu há seis meses...

Hoje, contudo, fiz algo diferente que não me permitiu ficar triste. Fui à creche que o Henrique frequenta e durante quase duas horas brinquei, conversei, ajudei um grupinho de quase 20 crianças, com 4 e 5 anos. A ideia era ir apenas contar uma história... mas foi muito melhor que isso.

Os miúdos estavam em êxtase de ter uma pessoa diferente com eles; e eu senti-me tão bem junto daqueles piratas em forma de pessoa pequenina que dei por mim a pensar que não há terapia ou terapeuta que consiga alcançar este nível de bem-estar.

Duas das meninas fizeram desenhos para me oferecer. Quase me deu a impressão de ter ganho a lotaria. Um dos desenhos tem um coração; a pequenina que mo ofereceu deu-me um dos abraços mais fortes que alguma vez senti.

Como não amar este dia? Como sentir rancor por este dia? Impossível... hoje foi um bom dia. Sim, sem dúvida. Um excelente dia. Obrigada, sala do Reino Encantado.


 

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