Foi um incêndio bastante feio. E o vento estava, claramente, a sabotar o trabalho dos bombeiros. Estive até à uma e tal da manhã, a seguir as atualizações pela televisão.
Toda esta conversa para chegares onde, Cristina Maria? No domingo de manhã, acendi a televisão para saber como estava a situação. O Henrique, ao meu lado, estava abismado a olhar para as imagens da televisão.
Quando lhe disse que aquele incêndio não era muito longe da nossa casa, e que até lá tínhamos estado, nas férias do verão, redobrou a atenção. E começou a dizer o que faria se fosse bombeiro: que levava mangueiras muito grandes para apagar o fogo e que tinha de levar os outros amigos bombeiros.
(há séculos que ele diz que quer ser bombeiro quando for grande e não perde nem uma hipótese, por menor que seja, para entrar numa ambulância ou num carro de combate a incêndios. Fim do aparte.)
Depois começou a lamentar que todos os seus carrinhos de bombeiros não eram de verdade para ele puder ir ajudar.
Mais tarde, fomos almoçar num estabelecimento em São Pedro de Sintra, onde costumamos ir, e, pouco depois, acabam por entrar três militares (dos Comandos). Ficou louco só de ver os "senhores tropas" e ainda mais quando lhe sussurrei que, provavelmente, eles tinham estado no incêndio.
Viraram heróis, claro!
Um nadinha antes de sairmos, o bom do Henrique não se conteve e interpelou os três:
"Olá, senhores tropas. Vocês estiveram no incêndio?"
Gargalhada. Um deles perguntou-lhe se ele sentia o cheiro a fumo nas roupas deles e outro disse-lhe que até tinham chegado primeiro do que os bombeiros.
O alarme do Henrique disparou. "Primeiro do que os bombeiros? Como é que é possível?". E foi com esta dúvida que ele lhes virou costas e saímos. Mas, o entusiasmo ninguém lho tirou. "Papá, aqueles senhores tropas estavam MESMO no incêndio. E chegaram primeiro de todos!".
Bombeiros e Comandos... acho que o Henrique encontrou uma nova vocação.
Foto RTP |