Vânia,
já se passaram tantos anos e continuo sem conseguir dizer o teu nome em voz alta. É um nome comum... a minha melhor amiga, curiosamente, tem o mesmo nome que tu. Mas continuo sem conseguir evitar um rio de lágrimas cada vez que penso nele, associado a ti.
Já se passaram quantos anos? Nove, julgo eu. Mas continuo a lembrar-me da última conversa que tivemos. Continuo a lembrar-me da primeira vez que fui a tua casa. Continuo a lembrar-me da última vez que olhei para ti. Continuo a lembrar-me que farias anos a um sábado e que tínhamos todos combinado que te íamos visitar ao hospital nesse dia. A mãe do Ruben levava-nos no jipe. Íamos comprar-te um urso de peluche grande.
Sabes? Acabámos por usar o dinheiro numa palma de flores. Foi a mãe do Ruben que tratou disso, porque nenhum de nós conseguiu.
Todos seguimos a nossa vida. Devias gostar de saber isso. A Elda casou há mais de um ano. A Sandra abriu uma clínica. O Ruben trabalha com o pai, abriu um negócio e namora há anos com a Joana. A Andreia foi caloira este ano. E a Tânia? Bem... já não a vejo há mais de um ano. O Márcio também casou. As tuas primas também se estão a safar bem.
Vânia, sinto a tua falta, miúda.