27 de abril de 2012

Não aceito!! Ou a crónica de uma morte no futebol!

Uma das notícias de "Última Hora" dos media foi o anúncio da rescisão do contrato colectivo de trabalho de 16 jogadores da UD Leiria. Depois disso, muito se escreveu sobre os dirigentes, sobre os jogadores, sobre o sindicato dos jogadores e o seu representante, sobre a Liga e sobre a Federação.

Como unionista e leiriense e assalariada neste País, só umas palavras: não aceito que falem sobre o mau profissionalismo dos atletas! Escrevam, discutam, debatam tudo e mais alguma coisa, mas apontar o dedo àqueles homens é inqualificável. Porquê? Simples... ninguém gosta de trabalhar e não receber. Quantos de nós já torceram o nariz a uma semana ou duas de atraso em relação ao prazo para pagamento dos nossos salários? Todos, provavelmente!

Estas pessoas têm famílias, têm casas e contas para pagar e eram-lhes devidos meses de trabalho... são homens, não são máquinas! Qualquer profissional que se preze em qualquer área de trabalho tem direito a receber a sua compensação. Eles aguentaram 1, 2, 3, 4... até 5 meses sem receber um cêntimo. Quem tem condições mentais para trabalhar assim? Eu não teria, de certeza.

E vamos ser sérios: o tempo de jogar por amor à camisola já era! Isso já não existe. Critico e volto a criticar esta coisa a que chamam o "Futebol Moderno" que impõe cenários cada vez mais inaceitáveis a clubes de pequena dimensão. Talvez estes clubes não possam aspirar a ter os seus 5 minutos de fama... talvez seja isso, e talvez eu esteja errada. É pena que eu tente ver a dimensão humana do jogo pelo jogo, a dimensão humana daqueles que proporcionam o espectáculo.
.. sou uma ingénua!

(ou como disse no Facebook: estes atletas tiveram 4 meses a mais de profissionalismo!)

Esta "morte" há muito que era anunciada. Todos os anos de problemas sem solução e de tricas e de despersonalização condenaram a  UD Leiria a uma lenta morte em agonia, à qual todos assistíamos. Mas nem só de injecções de adrenalina vive um clube e era preciso mais, muito mais empenho dos accionistas desta SAD para não se chegar a mais este cenário desolador do futebol português.

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