10 de janeiro de 2011

Carlos Castro e outras crónicas

1.
Carlos Castro, jornalista (sim, o senhor tinha Carteira Profissional, emitida pela Comissão da Carteira Profissional de Jornalista), comentador social e inventor do jet-set nacional, foi assassinado. Opções sexuais à parte, este crime foi brutal e horrendo. Contudo, não passou de mais um episódio de violência doméstica, como tantos que andam por aí, só que em vez de ser num casal homem-mulher, as duas partes envolvidas eram homens. Infelizmente, estamos tão habituados a ouvir falar em mortes femininas, que o choque da morte de Carlos Castro traz ao de cima o pior que há em cada um de nós: a homofobia.

Quantas piadolas já foram feitas desde que a notícia saltou para todos os jornais e canais televisivos, quantos nomes feios já foram chamados ao falecido e ao homicida (ele confessou, por isso salto a parte do "suposto")? Um "passeio" rápido pelos jornais online e pelos respectivos espaços de comentários "obriga-me" a concluir que vivo num País de gente mal-educada, de vistas curtas e de formação duvidável.

2.
A campanha presidencial não é bem isso. É uma campanha "contra Cavaco Silva". Nas últimas eleições, votei Manuel Alegre. Depois disso, já me arrependi 10 vezes por cada vez que o senhor abre a boca. Entretanto, todos os candidatos baseiam as suas passeatas por este País fora em falar mal daquele que ainda é Presidente da República. É a campanha do "bota abaixo" presidencial.

Quanto ao meu sentido de voto, ainda não decidi. Como aliás vou votar pela primeira vez na minha nova freguesia, talvez me inspire na paisagem sintrense no próprio dia. É a primeira vez que isto me acontece, já que sempre escolhi atempadamente.

3.
A mãe do bebé Cristianinho Ronaldinho quer o filho de volta; dizem as más-línguas que anda deprimida. Já deve ter acabado o dinheiro, presumo.

4.
Um helicóptero da TVI caiu num descampado, em Corroios; enquanto isso, no resto do País, o Pedro Passos Coelho já começa a magicar naquela sua cabecinha que tipo de decoração vai meter no gabinete quando for 1.º Ministro. O homem nem dorme descansado, só de prever a queda do actual Governo.

5 estrelinhas:

Miguel F. Carvalho disse...

as tais "piadolas" sempre estiveram ligadas a Carlos Castro, mesmo com ele vivo... não me parece que o efeito da sua morte tenha alterado o que quer que seja...

quanto ao homicida, não sei como é que é a lei nos EUA, mas em Portugal ela por si só não vale nada... os crimes têm de ser sempre provados...


relativamente à violência doméstica, não sei se podemos já aferir isso na medida em que não sabemos o tipo de relacionamento existente entre os dois...

também não me parece que ser comentador social (o que quer que isso seja para além de se ganhar dinheiro a falar da vida dos outros) seja próprio de gente bem educada... são pontos de vista...

mas tirando tudo isto, não deixa de ser um crime hediondo... quer seja com o homossexual ou não, quer seja nos EUA ou no Ruanda...

Sadeek disse...

Tens mesmo a certeza que a violência doméstica, neste caso, foi entre dois homens? HAHAHAHA

Cris, é normal que surjam estas piadolas. Eu próprio as fiz e sou tudo menos homofóbico. Os comentários que, de facto, vou lendo por aí nos jornais e afins é que me chocam. E recordam-me que à tanto a fazer para a mentalidade neste país mudar..... :(

BEIJOOOOOOOOOO

Cristina disse...

Miguel, só por piada, vamos imaginar o seguinte cenário: Hugh Hefner está noivo de uma "coelhinha" 60 anos mais nova. Ela mata-o. Castra-o com um saca-rolhas.

A moldura é exactamente a mesma: duas pessoas com uma relação. Uma bastante mais nova do que a outra, uma que morre e outra que mata. Porque não brincam, não fazem piadas com isto?

Podemos ficar aqui o dia todo a discutir o sexo dos anjos, as opções sexuais e profissionais do Carlos Castro, mas não invalida que eu ache nojenta a forma como certas pessoas falam deste caso. Como se o Carlos Castro estivesse "a pedir" para ser assassinado por um "defensor" da moral e bons costumes.

E outro aspecto: a família e amigos do Renato Seabra falam diariamente da (não) homossexualidade do gajo; como se isso fosse o "verdadeiro" crime.

Cristina disse...

Sadeek, são esses mesmo comentários que me revoltam. Se fosse um caso heterossexual, as coisas "piavam" de forma diferente.

Os portugueses ainda são grunhos o suficiente para praticamente dizerem que esta morte foi merecida.

É triste saber que ainda há pessoas assim.

Miguel F. Carvalho disse...

não se fazem piadas sobre o Hugh Hefner porque 80% da população nem sabe de quem se trata... não faria sentido...

não me parece que ninguém esteja a defender o rapaz tirando os energúmenos da sua terra que fazem vígilias e afins...

 

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