Já começaram a soar campainhas sobre quais vão ser os feriados a eliminar pelo Governo, em nome de uma crise passageira (como todas as outras).
5 de Outubro (Implantação da República) e 1.º de Dezembro (Restauração da Independência) foram os "escolhidos", por um grupo de senhores que ao invés de pensar em coisas efectivamente úteis, decidiu cortar dias de feriado que só fazem bem à economia nacional.
Comecemos por aí. Ontem em conversa com o meu excelso gajo (como gosto de o chamar de "excelso gajo"!!!) falámos sobre o facto de os portugueses adorarem centros comerciais e em como são estes, precisamente, os destinos preferenciais em dias feriado. Por isso encontrámos logo aqui o 1.º contra à eliminação dos feriados.
Mas aqui a croma que gosta de História de Portugal, foi mais longe. Foi em 1640 que redefinimos a nossa "portugalidade". Foi em 1910 que estabelecemos as bases para a Democracia. Numa altura de crise (mesmo que passageira, como todas as outras), precisamos de exemplos de coragem e de nacionalidade que nos façam olhar com mais esperança para os próximos tempos.
Acho que todos devíamos olhar para estes dias não apenas como feriados, mas como marcos de acções de homens e mulheres que amaram o nosso País e que fizeram... que se mexeram para o tornar melhor para os seus filhos, netos e demais descendentes.
Portugal, neste momento, precisa de heróis. Não daqueles que voam e têm uma capa e roupas ridículas, mas de Portugueses que têm orgulho nas suas raízes. Ainda há instantes vi uma peça na SIC, com os descendentes dos conjurados da Independência e todos eles se sentem ultrajados por este 1.º de Dezembro ser (supostamente) o último a ser assinalado... como se a acção de 1640 não tivesse valido para nada.
O 1.º de Dezembro é o mais antigo feriado do calendário nacional. Se não tivesse acontecido, o 5 de Outubro também não, nem o 25 de Abril, e do 10 de Junho nem se fala. É isto que queremos?
6 estrelinhas:
Os feriados fazem sentido porque se comemora algo. O pessoal pode comemorar na mesma à noite ou no fim de semana seguinte. Se fizer mesmo questão, tira um dia de férias e pronto... comemora! Neste momento os heróis temos que ser nós, a trabalhar para sair da crise.
Abobrinha, mas há pessoas tão absortas na crise que se esquecem de lutar para não cair numa depressão ainda mais profunda.
O significado dos feriados devia ser, mais do que nunca, elevado. E com a extinção dos feriados civis, a memória vai esvair-se.
Pensar-se, nem que seja por breves momentos, de que a abolição de feriados vai aumentar a produtividade de um país é ridículo. Na minha opinião, claro está.
O nosso País tem um problema de produtividade. Mas, curiosamente, não é o país que mais feriados tem. Mais curioso, ainda, até nem é o país da UE que trabalha menos horas por semana. Se juntarmos estas dados ao facto da maioria dos trabalhadores ganharem menos dos que dos restantes países da UE (excluindo os recém membros), o problema do nosso país vai muito além de mais meia hora de trabalho e/ou eliminar feriados. É uma questão de organização do trabalho (e aqui os grandes responsáveis são, na sua maioria, os empresários/dirigentes mal preparados), de desleixo e má preparação de muitos trabalhadores, das más condições de trabalho, etc. É, e não menos importante, uma questão de cultura e educação.
A Abobrinha tem razão, quando diz que quem fizer questão mete um dia de férias. Claro que sim.
Mas antes de terminar com os feriados eu gostaria de ver medidas concretas para penalizar quem, sistematicamente, e com o conluio de médicos", mete "baixa" (a fraudulenta, claro está). Uma medida nesse sentido merecia o meu aplauso. E, quiçá, os efeitos seriam mais visíveis.
O que temo é que vamos trabalhar mais, vamos receber menos e a crise vai aumentar. Mas espero estar enganada.
Nota - E aceitaria melhor a extinção de feriados religiosos do que feriados civis porque estes resultam da memória de um povo.
Quantas pessoas vão às comemorações oficiais? Ah, bem me parecia: não são muitas! A maioria vai mesmo fazer compras. Pode-se continuar a sonhar na hora e fora da hora do expediente.
Repara que não se mexeu em feriados sensíveis: ainda não se disse nada em relação ao Carnaval (que já o Cavaco tentou mexer, sem sucesso) e ninguém disse que ter o 25 de Abril e o 1 de Maio com 5 dias de diferença é um absurdo e quase redundante.
Há coisas com que não concordo no combate à crise, mas esta não é uma delas. Acho que é melhor orientar os esforços para as coisas que fazem mais sentido. Por exemplo, ainda não houve um iluminado que dissesse que uma ponte e uma tolerância de ponto não são a mesma coisa: uma ponte é algo que se "paga" tirando um dia de férias, enquanto que uma tolerância de ponto é algo que (sabe Deus porquê) o Estado dá aos seus funcionários, acrescentando-lhes dias de férias pagos. E isso não faz o menor sentido! E não é pela crise: é porque é e sempre foi um abuso.
Ni concordo plenamente quando falas da falta de organização, de má preparação e falta de condições. E acrescento mais uma: a falta de motivação decorrente de todas as anteriores.
O nosso País é um País de prestação de serviços. Expliquem-me A por B como é que a eliminação de feriados ou o aumento da carga horária em mais 30 minutos vai melhorar a capacidade produtiva dos trabalhadores.
Abobrinha, como a Ni disse e bem, os feriados civis resultam da memória de um povo, mesmo que não sejam celebrados pela maioria.
Falas no Carnaval... por mim, esse ia à vida num abrir e fechar de olhos. Muito mais do que um 5 de Outubro ou um 1.º de Dezembro ou um 25 de Abril. Como eu disse no texto: sou uma croma da História de Portugal e tudo o que se relacione com marcos importantes, estou a favor.
Mas também concordo contigo quando referes as "tolerâncias de ponto". Eu se quero não trabalhar meto um dia de férias, mas as tolerâncias oferecidas mexem-me com os nervos.
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