Está na hora de o deixar ir...

Tem 14 anos, é preto, tem uma cilindrada de 1400... é o meu Peugeot 106. Está ligado às máquinas. Só pede para o deixarem morrer com dignidade. Sempre afirmei que a eutanásia é a melhor solução quando se está em sofrimento e sem hipótese de recuperação. E é assim que o meu menino está. Tem fugas de óleo, tem as correias KO, as cabeças-não-sei-de-quê-do-motor estão queimadas e partidas. Tem arranjo? Tem. Tenho dinheiro para pagar o arranjo? Tenho. Mas porque é que não o faço? Porque o arranjo vai para a casa dos 700/800 euros e o carro não vale sequer esse dinheiro.

Foi um bom menino: esforçado, trabalhador, humilde, mesmo quando estava a ser humilhado pelo Citröen da minha mãe, ou pelo Fiat do meu irmão. Mas o meu Peugeot ria-se na cara deles e dizia: "sois mais novos, mas eu sou mais potente. Nenhum de vocês bate o meu motor!!". E aqueles meias-lecas 1.1 calavam-se, rendidos!!

Está na hora de o deixar ir. Acredito que o meu Peugeot vá para o céu dos automóveis. A sua missão cá na Terra terminou!