22 de novembro de 2012

Retalhos da vida de uma grávida

O que se torna insuportável durante este tempo é a falta de memória. E a lentidão. E o cansaço mórbido ao fim do dia.
Pensava que era mito, mas não: além de uma memória de peixinho, nós, as grávidas, seremos o equivalente humano à tartaruga.

Quando à noite, me despeço do meu excelso homem, e digo "boa noite, vou-me deitar" isso significa em português corrente: "daqui a 40 minutos, estou pronta para apagar a luz e tentar dormir!".

Vejamos:
no percurso entre a sala e o quarto, passo pela cozinha, vejo se está tudo pronto para o pequeno-almoço e aproveito e bebo o último copo de água do dia. Depois, chego ao quarto, e ainda volto à cozinha, porque, invariavelmente, não fiz alguma coisa. Volto para o quarto. Vou ao wc. Volto para o quarto. Entro na cama. Apago a luz. Volto a acender a luz e a ir ao wc. Volto para o quarto e para a cama, claro.

Entretanto, lembro-me que ainda não pus a roupa do dia seguinte a jeito. Acendo a luz. Levanto-me e preparo a roupa. Fico indecisa: volto para a cama ou faço uma última visita ao wc?! Em 90% das vezes, opto pela 2.ª hipótese.

Com isto tudo, já passaram mais de 35 minutos desde a frase "boa noite, vou-me deitar".

Até que me deito para, finalmente, dormir. Depois tenho frio. Puxo o edredão até ao nariz. Depois começo a ter calor. Tiro as meias. E mais calor. O edredão fica ao nível do peito (até que, a meio da noite, vai parar ao chão).

E, mais uma vez, com isto tudo é quase meia-noite. O bebé começa a mexer. E aquilo que este ser mexe, senhores?! Dou-lhe festinhas e falo, em voz mansinha, com ele, para que acalme e deixe a mãe dormir.

Até que acabo por adormecer, vencida pelo cansaço. No dia seguinte, repete-se a receita.
(imagem roubada daqui, apesar de me retratar na perfeição.)

18 de novembro de 2012

Baby-post #12: O dia em que o meu filho sofreu de bullying às mãos do pai

Ontem, sábado, foi dia de ecografia. A segunda desta travessia. Acordámos cedo, tomámos o pequeno-almoço e dirigimo-nos a Miraflores.

O rapaz, já prevendo o que o esperava, estava mais agitadinho do que o costume. O médico era simpático ao cubo: bem humorado, falador, e acima de tudo, muito detalhado e explicativo. Começou logo por dizer que esta era das ecografias, a mais importante... logo, que não nos assustássemos se demorasse muito tempo.

Vimos cada cavidade, cada artéria, cada dedo... vimos os ventrículos e as aurículas, vimos o coração bater e bombear o sangue, vimos os rins, os pulmões, e os intestinos. Resumo: uma ecografia que foi um autêntico tratado de anatomia fetal.

Só dois apontamentos: tanto a barriga, como a cabeça do bebé têm os tamanhos um pontinho acima do considerado "normal". Nada de especial, já que a determinada altura o bebé vai deixar de crescer tanto em tão pouco espaço de tempo.
O médico fartou-se de elogiar a perfeição do meu garoto, e a facilidade com que ele se deixou explorar (mal o senhor sabia que a irritação do mini-me estava a ser direccionada para a mãe que levou todo o tempo a ser massacrada com pontapés e murros...).

À saída, a deixa brilhante do meu excelso homem (e não esqueçamos que é este homem o pai do meu filho!!!):

- Ó cabeçudo, já corrias um bocado para abater essas banhas, não?!

Sim, um episódio de bullying mesmo antes do nascimento. Era exactamente isso que o bebé precisava. Em vez de ter o carinho e o apoio do pai, só ouviu provocações desnecessárias... tss tss [estou a abanar a cabeça num claro sinal de reprovação].

Ele ainda tentou argumentar, dizendo que era para lhe fortalecer o espírito e prepará-lo para o futuro, mas não sei se acreditei muito nisso!

(este post é claramente a minha pequena "vendetta" para com o meu excelso homem e para as vezes que ele diz à minha barriga "o papá é que é fixe!" e "a mamã está gorda!". PUMBAAA!!!)

15 de novembro de 2012

Retalhos da vida de uma grávida

Antes de tudo, um grande beijinho à marca Mustela que é uma fofa!!!

E, sim, sou uma vendida: basta que me ofereçam coisas que eu entrego logo os pontos.

Há umas semanas, registei-me no site da Mustela. Nada de especial, porque também me registei no site da Dodot e outras marcas que tais... quando tenho um computador ao pé de mim, sinto-me uma grávida sem controlo.

Ontem, cheguei a casa e tinha um envelope à minha espera. Daqueles castanhos, almofadados, com o carimbo de uma qualquer farmacêutica.

"Ó catano!", pensei eu. "Que é isto?".

Ao abrir, vejo uma bolsinha cor-de-rosa, com uma série de amostras de produtos Mustela, um cartão-fidelidade e não-sei-o-quê mais.

Uns fofinhos, é o que eles são! Porque além disto, têm um site simpático e informativo.

Graviduchas, que andais por essa internet fora, ide ao site e inscrevam-se no clube Mustela... há um miminho à vossa espera!

(o meu é igual a este... só não recebi a amostrinha azul! Esta imagem foi "roubada" daqui.)

10 de novembro de 2012

Retalhos da vida de uma grávida

É oficial. Passei de "pessoa com óbvios problemas de peso" para "senhora grávida". E confesso que não sabe nada mal, especialmente nas filas de supermercado.

Estou no supermercado, com uns 4 itens na mão. Nada de muito pesado. Também é um dos dias em que não estou com pressa. Vejo a caixa com menos gente e dirijo-me para lá (sem reparar que era a caixa prioritária ... na minha mente, era apenas a caixa com menos fila).

Antes de chegar ao último da fila, ele afasta-se e dá-me passagem. Agradeço. E aguardo a minha vez (estão mais dois homens à minha frente).

A determinado instante, aquele que me deu passagem pergunta-me porque não passo à frente das outras pessoas. Não se esqueçam que eu não tinha reparado que era a caixa prioritária.
Respondo que não gosto de passar à frente, a não ser que me cedam o lugar, porque há pessoas que não gostam e reclamam, e blábláblá.... antes de terminar a minha explicação, já o vejo a fazer sinal à moça da caixa, em como está ali uma "senhora grávida" (relembrem este episódio em que me chamaram "senhora" e deliciem-se com a minha coerência!!!)

A rapariga manda-me passar à frente. Os dois que estão à minha frente pedem desculpa por não terem reparado que estava ali uma grávida e deixam-me passar. Agradeço e sorrio, noto o gigantesco sinal de fila prioritária, pago as minhas compras e vou embora... feliz por ter demorado, no máximo, 10 minutos no supermercado.

Estar grávida começa a ter as suas vantagens. Obrigada, filhote!!!

3 de novembro de 2012

Carta #02 ao meu filho que ainda não nasceu

Filhote, vou dar-te uma pequena visão geral do calendário. Segundo as contas, deverás permanecer na barriga da mãe - no máximo dos máximos - até ao dia 31 de Março de 2013 e - no mínimo dos mínimos - até dia 17 de Março de 2013 (a não ser que sejas como o tio Tiago e queiras nascer 1 mês mais cedo...)

Adiante...

Nasces, portanto, na 2.ª quinzena de Março. O Carnaval é em Fevereiro. Dia 12, mais exactamente. No limite, nasces na altura da Páscoa. Como podes ver, são duas datas diametralmente opostas.

Apresentado que está o calendário de festividades, vou resumir: a barriga da mãe não é o Sambódromo do Rio de Janeiro e ainda estamos muito longe do Carnaval. E só vais saber o que é o Carnaval lá para 2014, quando tiveres quase 1 ano de idade. Por isso, acordar a mãe, às pancadas, às 8 e pouco, de um sábado de Novembro não é uma opção.

Vamos ter juizinho, ok?
 

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