21 de dezembro de 2010

Amores de sofá

Texto escrito em 2008 e já publicado aqui.

Não quero alugar um filme. Só quero estar contigo. Não, não estou aborrecida. Tem de haver uma razão para querer estar contigo? Apetece-me chegar a casa, tirar os sapatos (doem-me os pés), ficar descalça e deitar-me contigo.

Deitar-me só. Porque quero estar contigo. Quero chegar a casa e descalçar-me. Sentar-me no sofá e deixar-me escorregar até ao teu colo. Porque preciso estar contigo. Apetece-me mesmo: estar deitada no sofá, contigo. A fazeres-me festas no cabelo. A sentir o ritmo da tua respiração. A sentir o teu coração a bater.

Apaga a televisão. Esquece o filme. Vem para aqui. Deita-te aqui ao meu lado. Sei que o espaço é pequeno. Mas vamos estar juntos. Sabes que não é capricho meu. Há quanto tempo não estamos só os dois? A sentir a electricidade estática do corpo do outro?

Sei que sou tola. Não precisas de dizer. Mas vem para aqui. Deitas-te no sofá e fazemos conchinha. Quero apoiar a cabeça no teu braço. Quero ouvir-te dizer num leve murmúrio "gosto de ti". Quero que sejamos só nós. Sem muitas palavras. As palavras atropelam.

Deitada na teu colo, a fazeres-me festas no cabelo, ou deitados no sofá, em conchinha, só quero estar contigo.

Não temos que voltar a sair. Só quero estar contigo. Percebes agora? Nem precisas falar. Bastam o teu cheiro e o teu abraço. Porque contigo, sou mais eu. E agora, estou perdida. É por isso que tenho de estar contigo. Não importa que adormeças - e que lindo ficas a dormir! Vens?

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