18 de junho de 2010

José Saramago

A si, Saramago:

Comecei com 'Ensaio sobre a Lucidez', passei para 'As intermitências da Morte' e 'O Ano da morte de Ricardo Reis'. Vi o 'Ensaio sobre a Cegueira' e 'A Jangada de Pedra'. Durante muitos anos, o senhor parte da minha vida e hoje deixou este Mundo. Obrigada por tudo - já que muitos outros, com mais poder, não lhe agradeceram.

Obrigada!

9 estrelinhas:

Anónimo disse...

Nem têm nada que agradecer. Na relação de Saramago com Portugal, só têm em comum ele ter nascido nesse país e aí ter lucrado com a venda dos seus livros. Porque de resto, para tudo o mais sempre ele lamentou ser português.
Abandonou o seu país para viver em Espanha, defendeu a anexação de Portugal pela Espanha, defendeu as ideias Gonçalvistas com os resultados que não aconteceram porque o povo abriu os olhos a tempo; comunista convicto, nunca a sua porta se abriu a um pobre.
Agradecer...o quê?

Cristina disse...

Anónimo, que graça. De repente, deu-me a estranha sensação que este é o MEU blog e que nele escrevo o que apetece.

E se EU quiser agradecer a um GÉNIO da literatura, isso é COMIGO.

Saramago até podia ser chinês que eu iria agradecer na mesma. E qual é a parte condenável de EU querer, no MEU blog, homenagear uma pessoa que EU considero ter sido uma personalidade de mérito?!

Anónimo disse...

Cara Cristina.
Porventura viu-me condenar o seu blog ou tentar de alguma maneira impedi-la de nele escrever o que quiser? Mas a senhora abriu o blog aos comentários e eu disse-lhe o que penso de Saramago.
Pode homenager quem lhe aprouver, não tenho nada com isso, mas desde que permite a abertura de expressão eu disse o que sinto.

Cristina disse...

"Não têm nada que agradecer"

"Agradecer... o quê?"

Estas palavras são suas. E quer-me parecer uma crítica encapotada à minha opção de homenagear uma pessoa que sempre admirei.

Não estou, obviamente, à espera que toda a gente goste de José Saramago, mas também não gosto que levantem questões relativamente às minhas escolhas, que são pessoais. E as escolhas devem ser respeitadas, exactamente por serem... individuais.

Respeite-me, que eu farei o mesmo consigo, apesar de ter escolhido ficar debaixo de uma manta de anonimato.

Anónimo disse...

Cristina; vamos lá ver se chegamos a um entendimento.
A senhora disse assim: "Já que muitos outros com mais poder não lhe agradeceram"
Eu respondi: "Não têm nada que lhe agradecer" Expressei-me no plural dirigindo-me a esses mencionados.
Para me ter dirigido a si pessoalmente, diria "Não « tem » nada que agradecer".
De maneira nenhuma fui, ou dei laivos disso, menos respeitoso para si.
Desejo-lhe um óptimo fim-de-semana.
Ludgero Santos

Cristina disse...

Caro Ludgero, agora sim, vamos entender-nos. Sinceramente, creio que, em tempos, foi o Governo que se portou mal com ele. Ele fez o que muitos temos vontade de fazer e não fazemos: ir embora. Mas essa 'birra' atenuou ao longo dos anos.

A minha frase "Obrigada por tudo - já que muitos outros, com mais poder, não lhe agradeceram" é exactamente por isso. Se bem que 'O Memorial do Convento' faz (há pouco tempo) parte do programa nacional de Português do 12.º ano.

E, aqui para nós, se eu pudesse viver em Lanzarote, fá-lo-ia sem hesitar. É uma ilha fabulosa.

Cumprimentos e bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Cristina; ainda bem que chegámos a um entendimento.
Sobre Saramago só vou adiantar mais uma coisa, e porque a menina; penso que ainda terá a idade de uma menina, falou sobre isso.
Eu tenho 69 anos. Sou portanto mais novo que Saramago, mas talvez um avô para si. Quero então dizer-lhe o seguinte:
Saramago nasceu e foi educado num tempo muito difícil em que, na realidade, as ideias comunistas eram aquelas a que as pessoas se agarravam.
A história provou que isso não eraa verdade, e as pessoas foram-se adaptando aos seu tempo, à evolução. Saramago não fez isso. Sempre manteve a ideologia comunista como valores primordiais. Sempre culpou o capitalismo, os patrões, pelas desgraças do nosso povo, sempre condenou todos os regimes eleitos, sempre assumiu a vergonha de ser português e sempre defendeu a anexação de Portugal pela Espanha.
Você iria, e acho muito bem, viver para Lanzarote, mas claro, sabemos porquê. Mas ele foi porque repudiou a sua pátria como sistematicamente não se cansou de afirmar.
Mas o Nobel foi-lhe atribuído com o nome de Portugal impplícito. Ele não respeitou isso.
O que eu quero dizer é que. Se a idade é´, ou deveria ser, sinónimo de ponderação e sabedoria, a dele deixou muito a desejar.
Sem falsa modéstia, merecerei eu quando falecer, muito mais essas honras de Estado do que ele. Vou-lhe dizer porquê.
Sempre trabalhei numa colónia que ao país interessava desenvolver, depois para a defender fiz quase cinco anos de guerra, casei e tive filhas, emigrei e mandei muita remessa de dinheiro para Portugal; onze anos.
E também escrevi e publiquei, e vou publicar mais este ano. Dir-me-á. "Ora, escrever qualquer um o faz, ser Nobel é diferente"
Claro, mas e reprtando-me aos verdadeiros escritores do nosso país, que não eu, reconheço; acha mesmo que essa honra foi merecida?
Não é um ultraje a um Camões, Pessoa, Eça, Camilo, Júlio Dinis, Virgílio, e até mesmo a um Lobo Antunes?
Diga com sinceridade. Consegue ler um livro de Saramago sem se enervar? Sem se esforçar?
Desculpe o pergaminho, mas entendi que depois de a comentar, lhe devia uma explicação.
Cumprimentos e a continuação de um bom fim-de-semana
Ludgero Santos

Cristina disse...

Caro Ludgero, acredite que entendo perfeitamente a sua postura relativamente a Saramago, mas também acredito que haja dois Saramagos nele mesmo.
Sim, ao pé de si sou uma menina, mas pelo que leio, depois de conhecer Pilar, José Saramago tornou-se diferente. Saiu de Portugal, porque, de forma encapotada, censuraram um livro dele e proibiram que fosse proposto a um prémio.

Ainda não li "O Evangelho", deixo já essa salvaguarda. Mas já li outros e, sinceramente, não se confundi, não me enervei... apesar da pontuação não ser a 'tradicional', a escrita dele é quase como uma conversa. Saramago transportou a oralidade para a escrita; não é à toa que muitos brasileiros não nos entendem, porque falamos 'a correr'. É um maneirismo de escrita peculiar e característico.

Quando me fala se é ultraje a questão do Nobel. Eu julgo que não. Cada figura tem o seu tempo. Talvez daqui a uns anos, alguém diga o mesmo de, por exemplo, José Luís Peixoto.

Admiro muito as pessoas que escrevem. Mas aquelas que escrevem bem. Há umas semanas, conversei com um amigo exactamente sobre esse tema e sobre a quantidade de escritores 'fast food' que grassam na nossa sociedade. E estou à vontade para dizer que terei muito gosto em ler qualquer coisa sua.

Boa semana

Anónimo disse...

Cara Cristina, Boa-noite.
Não vou falar mais sobre Saramago, porque na realidade vejo-o mais com os olhos de alguém que vê Portugal numa contextura que e dada a sua idade, não será propriamente a mesma.
Terei imenso gosto em que leia alguma coisa minha e se me disser para onde lho posso enviar, fá-lo-ei com todo o prazer. Ainda só publiquei um livro, mas ainda este ano publico o segundo.
Contudo, não espere grande coisa, a menos que seja uma menina romântica, porque na verdade não sou escritor e sou apenas autor de um livro que pretende ser um romance. Pelo menos, a intenção ao escrevê-lo foi romanesca.
Diga então se está disposta a recebê-lo. Para mim será uma honra oferecer-lho.
Cumprimentos
Ludgero santos

 

(c)2009 Estrelices. Based in Wordpress by wpthemesfree Created by Templates for Blogger