29 de abril de 2016

A simpatia das pessoas

Hoje, tinha um trabalho às 10 da manhã. Mas ainda tinha de passar pelo supermercado e comprar pilhas para a máquina fotográfica. Podia ter feito isto ontem? Podia, mas não me ocorreu.

Assim, seriam 9 e qualquer coisa, passei pelo hipermercado, peguei numa embalagem de pilhas no valor 0,99€ e fui para a caixa. Estava lá uma senhora com as suas compras. Educadamente, pedi para passar à frente, porque só tinha uma embalagem de pilhas.
Olhou para mim como se eu fosse uma pessoinha e disse que não. Que tinha de ir para Lisboa, e que ia apanhar a greve dos taxistas, e o IC19 e não-sei-o-quê-mais...

Sorri e acenei.

Depois, esperei que ela passasse as compras e pagasse, fiz a minha compra e paguei. No meu processo de compra, demorei menos de 1 minuto. A espera que tive de enfrentar com as compras dela, foi de cinco minutos, sensivelmente.
Esses cinco minutos não me fizeram falta. A estrada estava pouco movimentada e, em 15 minutos, pus-me no meu destino, mas a ação foi estúpida. Até porque depois acabámos por sair do estacionamento ao mesmo tempo.

Filho, se um dia, leres os devaneios da tua mãe neste blogue, toma nota de uma coisa muito importante: nunca ninguém perdeu nenhum braço, nenhum rim, nem nenhum outro órgão vital do seu corpo por ser bem educado e gentil.
Se, mais tarde, um dia, te encontrares numa fila de supermercado, e se a pessoa atrás de ti, educadamente, pedir a vez por só ter uma coisinha nas mãos, cede. A pessoa agradecer-te-á e vais-te sentir melhor contigo mesmo.



28 de abril de 2016

20 dias e uma inscrição depois

Vinte dias desde a última publicação.

Tanto tempo, Cristo.

Nestes 20 dias, escrevi tantos caracteres que até me dói a cabeça só de pensar.

E também inscrevemos o Kiko no jardim-de-infância.

Mais do que as tiradas dele, este foi aquele momento em que, olhei para o meu filho, e o vi como ele realmente é: um menino de 3 anos, que até já vai à escolinha.

Conhecemos o espaço. Não havia muito para ver, até porque era ali que, desde a primeira vez que se falou no assunto, o queríamos inscrever. Conhecíamos a reputação da qualidade de serviço dos colaboradores, do local, da direção... e nunca tivemos dúvidas.

Comprámos o bibe. O bibe!!! Imagine-se.

Assistimos a alguns momentos de uma aula de ginástica. Sabemos que, ali, ele vai aprender a ver as horas, a desenhar as primeiras letras, vai brincar e fazer os primeiros amiguinhos.

Em Setembro, vai começar uma nova rotina. Para todos nós. Para ele, que nunca conheceu outro local que não o colo da mãe e a casa dos avós. Para os avós que vão ficar privados deste tagarela, na maior parte do dia. E para mim, que o vou entregar a "estranhos" pela primeira vez.

Tento estar animada. Tento mostrar-lhe que a escola "vai ser um máximo!". Mas, aqui para nós, que ninguém nos ouve, estou com o coração do tamanho de uma ervilha-bebé.

O meu bebé já é um menino crescido de 3 anos.

7 de abril de 2016

E se fosse eu...?

A Plataforma de Apoio aos Refugiados desafiou os alunos a porem-se no papel de um refugiado, e a fazerem as suas mochilas como se tivessem de fugir.

Isto deixou-me atormentada. Vejo as imagens na televisão, de pais, crianças, jovens... não consigo sequer conceber os sacrifícios que terão feito para se colocarem a salvo. Mas, nunca pensei muito no que levaria comigo, se a isso fosse obrigada.

E acho que muitos de nós, simplesmente, não o fazem. 

Fi-lo esta manhã. 

Reuni uma série de coisas que levaria comigo. Essencialmente, são coisas para o Henrique, como é óbvio: 
- uma manta;
- um gorro;
- uma muda de roupa e um par de meias secas;
- benuron;
- fraldas (cerca de 20);
-escova e pasta de dentes;
- a identificação dele e cartão de saúde.

Para mim, levava:
- uma muda de roupa;
- carteira com dinheiro e identificação;
- telemóvel e carregador;
- escova e pasta de dentes.

Coisas gerais:
- bolachas;
- água (cerca de 500 ml)
- 4 latas de atum;
- uma embalagem de toalhitas.

Pesei isto tudo: quase 5 quilos. Talvez as fraldas fossem "dispensáveis", mas tendo em conta que, agora, neste momento, ele ainda as usa, teriam de ir. Tentei enfiar tudo dentro da minha mochila do 10.º ano. Com muito custo, coube tudo - por pouco não rebentava os fechos - mas consegui enfiar todos os meus essenciais.

E se fossem vocês?


 

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